Ouvi Love in the afternoon na voz rouca de Renato Russo repetidas e seguidas vezes durante a tarde inteira. Nunca havia parado para pensar na letra e, aquele dia, veja só, ela pareceu feito luva, escrita para a situação, escrita para mim e para você. Meu verão tinha acabado cedo demais, uma peça ficaria faltando e não haveria nada que a pudesse preenxer. Seria um eterno e doloroso vazio.
A música me massageou a alma e tornava mais fácil e silencioso chorar, pois um choro soluçado não me faria ouvir a melodia e acompanhar a letra que eu cantava mentalmente. Vai com os anjos, vai em paz! Era assim todo dia de tarde, a descoberta da amizade. Até a próxima vez. E a dor querendo arrancar meu coração de dentro de mim, lembrando das nossas eternas tardes de risos e compreensão. Nossa amizade era simples, era sincera. Dava pra sentir só pelo fato de respirar.
E essa mesma música embalou-me para um descanso. Ao deitar minha cabeça no travesseiro, abracei um outro, mais gordo, e chorei silenciosamente a tua perda e senti que era pra sempre, que seria um até breve demorado e que só em sonhos poderia te ver e ouvir a tua voz rouca, ver teu rosto de barba mal feita e o meu sorriso preferido. Não tardei a fechar os olhos, só para te imaginar, só para tentar sentir a tua presença. E senti.
Sem saber porquê, pude sentir que você estava ali. Era uma noite tranqüila, sem lua, sem vento. Digna de negrume de tristeza. E percebi você tão nitidamente que poderia jurar sentir teu perfume, ouvir a tua respiração vã. E acalmou-me saber que estavas em paz. Sentei-me na beirada da cama e abracei o vento-você. Era o nosso reencontro de férias. Era a nossa despedida.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
Uma historia ao mesmo tempo tão trist e tão bonita...
ResponderExcluirEterna, acima de qualquer outra definição.
É difícil lidar com a perda, forma linda de escrever sobre uma coisa tão dolorosa.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcabei de acabar de ler todos os textos desse blog. Peguei o orkut de minha prima [já que nem tenho mais], e fui no orkut dele. E observei as fotos, uma por uma, com um sorriso no rosto.
ResponderExcluirEntendi do porque de ser teu sorriso preferido, o dele.
Hoje, lendo esse texto, com trilha sonora de Renato, eu fiquei com a garganta seca. Olhos molhados. E uma angústia, do lado de dentro. Coisa tua isso, Fê. De doer em palavras.
Que bom que você tem Bella, pra ver pedaços dele. Que bom que nós temos o mundo, para você poder senti-lo. Ah, que bom poder ser emoção, lágrima, chuva...
Dan é abraçado a cada texto bonito de vocês. Eu não duvido. E sorrio, com minha cara de choro feliz.
Beijo, frô. Muitos beijos!
Fecha os olhos, Fê. E só imagina. Pensa com força e só. E pronto. Você o sente. E não, não é fruto de imaginação.
ResponderExcluirLindas palavras, lindas...
:')
Sabe Dan, venho acompanhando o blog desde a criação e não tem um comentário meu até hoje, sabe porque? Porque, Fê e Bella, são tão fantáticas nas palavras e no amor por você que só consigo ler, calar-me e desejar junto com elas que você estivesse aqui...
ResponderExcluirÉ bom te ler em cada palavra delas.
coisa linda, coisas lindas!
bjbjbjbjbj