terça-feira, agosto 31, 2010

segredos confessos;

Escrevi teu nome na areia, próximo ao mar, com a ponta de um graveto retorcido. A onda logo veio lamber as letras, provar teu gosto e te levar embora, antes que me revelasse demais e vi você sumindo na espuma fria, feito barquinho de papel, livre para velejar. Sorri por dentro e pelos olhos, ocultos detrás de um óculos feito noite e deixei a saudade, diminuta, apertar. Segundos. E continuei arrastando os pés, chutando a água salgada, molhando-me até as canelas. Soprava um vento forte, arrepiando-me os pêlos e cabelos e escondi a malícia, lembrando que teus lábios na base do meu pescoço agem com o mesmo efeito que esse vento frio...

Confesso que segurei algumas vezes o celular entre as mãos e fiquei absorvendo teu número, relutando entre ligar e não ligar e, num suspiro vencido, deixava-o de lado e fingia não me importar. Outras vezes tantas eu só olhava, fingindo ver as horas, para ver se havia algum sinal de vida teu, mesmo já sabendo ser inútil. Você não ligaria. Não mandaria uma mensagem. Não diria que pensava em mim. Talvez pela situação, talvez porque realmente não tenha pensado. Ou, talvez, por também segurar o celular no meio das mãos, relutar e, também, deixar pra lá...

Sábado o sol refletia num mar manso, com inúmeros barquinhos de pesca descansando. Caminhei num trapiche, com a sensação de deja vù: dois sábados seguidos, dois pores de sóis diferentes, dois trapiches distantes, a poesia oculta no silêncio da paisagem e uns retratos eternizados. Pensei que você fosse gostar de estar ali, de sentar com os pés balançando e você, com pernas tão mais compridas que as minhas, tocaria a superfície plana e verde do mar, causando pequenas marolas com as tuas pernas brancas. Talvez você sorrisse. Talvez você só ficasse quieto. Talvez você tiraria uma nova poesia das mangas e sussurrasse-a em meus ouvidos. Roubei essa última imagem para mim e flui, o resto do fim de semana, assim.

Dois dias de vontades escondidas, de sorrisos cheios de mistérios e uma saudade tua. Guardei o melhor de mim para quando te reencontrasse numa selva de concreto, com a rotina retomando os dias, trazendo o gosto quente de café morno. Invento uma desculpa, te levo um doce e tiro o máximo que posso de ti. Quis dormir com tua respiração no pescoço, com teus braços num eterno abraço de cobertor e com teus pés enroscados nos meus, fossem dez, quinze, vinte minutos. Uma noite inteira. Mas me enrosco em minha própria companhia, pego o mínimo de coberta possível e deito sem me mexer... Sonho com a tua voz no ouvido, com o sol refletido no mar e uma poesia tão inédita, que você nem chegou a escrever...

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