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segunda-feira, agosto 10, 2009

na falta de um título, deixo aqui minhas reticências [...]

segunda-feira, agosto 10, 2009 7
Ontem. Impressiona-me a quantia de vezes que, para escrever de você ou da saudade que me mora, eu começo sempre com 'ontem'. Queria entender o porquê de sempre ser noite quando tu vens me ver, a mãe sempre diz que é a noite que o coração está mais puro, aliviando-se das tensões e mentiras do dia, por isso fica mais leve e mais propenso à te ver. E eis que.

Sabe, mano, às vezes não sei se é pior imaginar-te ou realmente te ver. É que doi te ter perto outra vez, ver todos os teus traços que são meus também. Já não basta eu ter que carregar o teu olhar no meu? Ter que te encarar nos olhos quando me vejo no espelho e ainda tenho que te ver, nos sonhos? Não leve como crítica, mano, não. Eu gosto, mas dói, depois.

Faz um-ano-quase-dois que tu se foi para sempre ser jovem. Gosto disso, te imaginar sempre como meu irmão mais velho que estacionou no tempo e nunca mais vai envelhecer. E será engraçado quando eu for velha e te ver novo e essa é uma das questões que me atormentam os pensamentos, de vez enquando. Será que, quando eu for velha e me juntar à ti, eu voltarei a ser a irmã mais nova? Ou serei tão velha quanto for falecida e, assim, irmã mais velha que você?

Queria que me perdoasses por eu ser tão jovem, boba e recorrer à ti com mais frequência. É que sei que assim será por anos, na minha formatura, no meu casamento. Sabe, mano, meu primeiro filho carregará teu nome e, espero, teus olhos. E será tão cachorrento como tu, tão atentado e tão amado como tu foste, como tu é.

Aqui, eu só carrego saudade. E uma esperança de um até breve. Que seja, então.

quarta-feira, junho 17, 2009

Cinco de maio de 2008;

quarta-feira, junho 17, 2009 5
Hoje, mano, é teu dia. Eu acordei menos dolorida, como bem deves saber. Esses últimos quatro meses foram vazios pra mim, irmão. Dentro do meu peito morou, e ainda mora, uma saudade que machuca, que me faz chorar. Nesses meses que me consumira, Dani, eu procurei por você em cada esquina, eu sentia teu cheiro passando por mim e podia, até mesmo, jurar ouvir tua voz. Por ora, um bom dia ou boa noite sussurrados no vento. Por ora, teu riso nas nuvens.

É, Dan. Procurei você no céu. E sempre tenho a sensação de encontrar você. Seja em uma nuvem desenhada como anjo, um quase-coelho-branco e até mesmo um cachorro, pois tu sempre foste cachorrendo, como eu. Acho que aprendi contigo. Às vezes, olho para o céu inteiramente ausente de nuvens e é como se você estivesse ali, tranquilo, olhando cá pra mim. E quando o céu quer chover oceanoos é a nossa dor que te transbordou. Dói, mas depois, tudo vira calmaria de novo. E durante a noite, vens como lua, como estrela ou como escuridão. Mas vens sempre e posso sentir você.

Mas eu costumo pensar mesmo, mano, que tu és vento. Porque não importa o quanto um dia está quente, abafado. Sempre, mesmo que por segundos, uma brisa passa fazendo cócegas. Aí eu penso "é você, pentelho!". Então, hoje, nesse dia frio que faz em São Paulo, nesse dia cinza e melancólico que está, eu deixo meu beijo no vento, abraço-o e canto, baixinho, um parabéns à você.

E, bem sei, não é em vão.

quarta-feira, maio 06, 2009

24 de janeiro de 2008 - enterro.

quarta-feira, maio 06, 2009 3
Meu dia amanheceu cinza. Chovia lá fora e chovia aqui dentro. Era doloroso demais pensar na tua partida, no teu adeus definitivo, sendo que tinhas toda uma vida pela frente. Tinhamos. A viagem da Disney ficou perdida no tempo, os passeios noturnos em Ubatuba com você pentelhando os garotos que me olhavam na rua, o teu boa noite maninha quando tu recém chegava em casa, de madrugada. Tudo tinha ficado perdido no tempo. Parado. Dolorido.

Era madrugada ainda, quando te esperava. Não entendia o porque de tanta burocracia, o porque de tanta demora. Coisa estranha essa, ansiar para velar uma pessoa. Posso confessar uma coisa, Daniel? Eu ansiava somente para te ver de novo, de tar um último tchau e sussurrar no teu ouvido um boa noite maninho, para esse teu sono eterno. Porque, bem sei, tu descansarias sem a menor dificuldade, aceitarias a condição como se ela te fosse o melhor remédio, a coisa certa, o teu destino. E, embora eu não quisesse aceitar a condição de destino, eu força-me a aceitá-la, pois sabia que assim tu gostaria.

Quando o carro funerário chegou, o dia amanhecia, naquele tom de chuva que nunca gostei. Tiraram uma caixa de madeira escura de dentro de uma van branca e carregaram-na para dentro de uma capela, onde já haviam velas acesas. Uma dor rasgou meu peito ao me tocar que era tu quem estavas ali dentro daquele caixote, que era teu corpo que jazia ali, sem alma, para teu dormir e não mais acordar. Chorei com a chuva, Dan. Chorei com a chuva.

E uma outra dor me rasgou novamente o peito. Uma dor que demoraria a cicatrizar, isso SE cicatrizasse. Foi quando os moços avisaram que não haveria como deixar aquela caixa sem a tampa. Imaginei em que estado você se encontrava, meu irmão. Imaginei tua dor e fiquei feliz pelo teu descanço rápido. Seria demais te ver sofrendo, seria insuportável imarginar-te morrendo aos poucos. E eu sorri ao te sentir perto. Ao olhar ao meu redor e ver a cara de todo mundo que chorava, eu pude sentir que tu sabia da minha tranqüilidade e que tinhas ficado feliz com aquilo. Mas nada muda o fato Dan, nada muda o fato de nunca mais te ver sorrindo, nada muda o fato de nunca mais ouvir a tua voz rouca de sono, nada alivia a dor do "pra sempre".

Aquele dia, mano, eu aprendi a mandar beijo pelo vento. E a sentir abraço por ele, também.

quarta-feira, março 25, 2009

23 de janeiro de 2008; por Bella.

quarta-feira, março 25, 2009 1
Àquela manhã eu cheguei a conclusão de que dois meses passam rápido demais. Tu arrumavas tua mala no quarto ao lado do meu, agoniado, para não esquecer nada. E eu estava impaciente. E triste. Porque as férias só eram boas pois eu podia te ter comigo todos os dias, era o que me bastava. Mas naquele dia, tu estavas indo embora.

Meio-dia, quando tu rias, gostoso, de feliz que tava eu pude ser tomada de felicidade também. Era bom te ver sorrindo, mostrando aquele teu melhor sorriso, no qual apareciam todos os teus perfeitos dentes brancos. Sabe, mano, quando tu rias, o mundo parava pra mim...

Eis que o final de tarde veio rápido demais e logo tive que te dar um tchau de abraço apertado. Engoli todas as lágrimas que se formavam, porque achava patético chorar, eu já era moça grande. Nunca te confessei o quanto doía quando tu ias embora? Pois é.

Percebendo ou não a minha agonia, tu veio para um abraço apertado e me desses um beijo estralado na bochecha, me botasses de volta ao chão e, bagunçando meu cabelo, soltasses as frases mais doloridas, hoje, pra mim: "Carnaval eu volto, maninha". E saísses dando risadas, jogando a chave do teu carro novo para cima e a pegando no ar. Acenasses um último tchau enquanto eu te desejava uma boa viagem. Irônico, não?

Lembro que fui tomada por uma agonia assim que tu sumiu na esquina e sabia que esta só passaria assim que tu ligasse de Balneário, dizendo que tinha chego. Eu estava no quarto, vendo fotos do nosso revellion, quando tocou o telefone. Não tinha nem uma hora e meia que tu tinha partido. Sobressaltei com o segundo toque, meu coração batia a mais de mil. Atendi meu telefone da Sininho, presente teu de quando tu veio dos Estados Unidos e atendi, com o coração na garganta. Não bem terminei de dizer "alô" e o cara de voz serena já foi falando: "Aqui é o sarjento Teixeira, eu poderia falar com a senhora Tânia Maria Monteiro ou com o senhor Sérgio Monteiro?". Respondi um só um minuto quase sem voz e berrei para a mãe atender, lá embaixo, pois o pai ainda não havia chego.

Sei que é errado Dani, mas aquele dia eu ouvi o começo da conversa. Assim que a mãe disse "Pois não, Tânia", o homem da voz serena adotou um tom mais cauteloso e sério: "Senhora Tânia, aqui é o sarjento Teixeira, do Corpo de Bombeiros. Por acaso Daniel Monteiro, motorista de um Vectra preto, é filho da senhora?". Não ouvi nem a resposta da mãe, mano. Desliguei o telefone e comcei a chorar. Eu não sei bem explicar como, Dani, mas naquela hora eu já sabia. Como se eu pudesse te sentir ali, naquela hora, chorando, abraçado comigo.

Sempre que tu ia embora, mano, meu dia virava noite mais cedo. E nesse dia, anoiteceu e não amanheceu mais...

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